Parece que jaz há muito tempo o século em que sentia medo, raiva e amor.
Uma era apocalíptica, cujas batidas de coração se intensificavam com o nascer do sol
de um sorriso longínquo. Tão longínquo capaz de esconder as falhas e a razão.
Esse tempo passou, enfim.
Com um novo milênio, uma onda de fogo invadiu meu céu, e apavorada, me escondi ns braços do que nunca senti, até enlouquecer.
O vicio me chamava, me torturava, me fazia suar. Porém, o tempo frio chegou, obrigando com palavras fortes
a me soltar dos braços já sangrentos e machucados pelas minhas unhas foscas.
Soltei-me. Contra a minha vontade, contra a vontade da emoção. E logo que soltei, fiquei perdida, com os olhos cegos e o orgulho intacto.
E hoje, me sinto um cavaleiro derrotado, com a espada presa à pedra e a peste dominando-me pouco a pouco. Não sinto mais o nascente cegando-me, nem temo mais a onda de calor. Temo pelas noites mal dormidas e pelo frio da madrugada. Não tenho mais forças, não tenho mais medo.
Quando a última lágrima cai, dois braços me ajudam a descravar a espada da pedra de minha emoção. Logo, olho nos olhos de quem me liberta e me perco.
Sinto medo, sinto ódio, sinto angústia.
[LuH]